O iene japonês segue perdendo terreno de forma gradual frente ao dólar americano, mesmo diante das expectativas de políticas monetárias divergentes entre os principais bancos centrais no curto prazo. Esse comportamento indica que o aumento de juros esperado por parte do Banco do Japão já está amplamente precificado no câmbio, e que os próximos movimentos dependerão sobretudo de novas projeções e sinais da autoridade monetária.

Ainda assim, torna-se cada vez mais evidente que a longa batalha do Japão contra a deflação — que se arrasta há décadas — está próxima do fim, marcando uma possível mudança estrutural no ambiente econômico do país.

Hoje, o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, afirmou que o banco central está cada vez mais próximo de atingir sua meta de inflação, reforçando as expectativas de um aumento das taxas de juros já na reunião da próxima semana. Em entrevista, Ueda destacou que a instituição está se aproximando de um patamar de inflação estável em torno de 2%.

As declarações surgem em meio à crescente aposta do mercado de que o Banco do Japão elevará a taxa de juros para 0,75%, o nível mais alto desde 1995. Há preocupações de que um aperto monetário nesse contexto possa afetar negativamente o crescimento econômico, sobretudo diante do envelhecimento da população japonesa e da queda da produtividade. Ueda reconheceu esses riscos, mas reforçou que a estabilidade de preços segue como prioridade absoluta. A expectativa é de que o banco atue com cautela e de forma gradual para evitar choques na economia.

Na entrevista, Ueda também sinalizou que é pouco provável que a política monetária permaneça no nível atual, já que o banco segue ajustando seu apoio à atividade. Segundo ele, o Banco do Japão continuará promovendo ajustes graduais enquanto busca consolidar a inflação em 2% e conduzir a taxa básica ao seu nível neutro — ainda indefinido.

Atualmente, os traders atribuem cerca de 88% de probabilidade a um aumento de juros na próxima reunião, com base nos contratos de swaps overnight. O principal foco estará na forma como Ueda descreverá a trajetória futura das taxas e sua avaliação sobre a taxa neutra, aquela que não estimula nem restringe a economia.

Ueda também reiterou que o banco monitora de perto o impacto do câmbio sobre a inflação. No mês passado, o iene chegou a 157,89 por dólar, o menor nível desde janeiro, elevando preocupações com pressões inflacionárias adicionais. Ele reforçou ainda que o Banco do Japão evita comentar diretamente sobre política fiscal, por se tratar de uma atribuição do governo.

No campo técnico, para o USD/JPY, os compradores precisam retomar a resistência mais próxima em 156,20. Um rompimento desse nível abre espaço para um avanço até 156,60, acima do qual a progressão tende a se tornar mais difícil. O alvo mais distante está em torno de 157,05. Em caso de recuo, os ursos tentarão assumir o controle em 156,00. Uma quebra desse suporte pode enfraquecer as posições de alta e levar o par à mínima de 155,70, com potencial extensão até 155,40.